Resolução de ano novo: Querido Senhor, em 2010 prometo que vou repassar todos os tipos de correntes da internet que me enviam, porque deve ser isso que tá me fodendo a vida. Obrigado, Bruno.
Tudo começou quando eu e a Luna (namorada) decidimos viajar pra praia no Réveillon. Como ela tinha que prestar Fuvest logo no dia 3 e eu tinha que resolver uns assuntos pendentes, não planejamos viajar pra lugar algum nesse ano novo. Íamos ficar em casa, vendo os fogos de Copacabana na TV enquanto todo mundo estaria enchendo a cara e se divertindo. Legal, né?
Pois bem, lembramos o quão animador seria isso e decidimos viajar pra praia. Queríamos relaxar um pouco e tomamos essa sábia decisão, porque, afinal, praia é um lugar super zen, tranquilo e pacífico nesta época do ano. É bom eu dizer pra nunca repetir isso.
Um amigo nosso havia nos convidado pra ir pro Guarujá passar o ano lá e, até então, não tínhamos nem confirmado nem recusado a proposta. Ligamos pra ele no dia 29 à noite e dissemos que iríamos. Claro, dois dias antes da virada, super inteligente de nossa parte. E mais inteligente ainda: de ônibus.
No dia 30, corremos para o terminal do Jabaquara pra comprar nossas passagens pra noite daquele mesmo dia. Tem que ser muito imbecil – que nem eu – pra achar que no ano novo ia ter passagem de ônibus disponível pra qualquer horário. Óbvio que tava tudo lotado. Ficamos na fila por mais de 1h esperando nossa vez para descobrir que o próximo ônibus livre era o das 20h do dia 31. Arriscado, mas fazer o quê? TV ou praia? Tédio ou animação? A grana ou a galera? HEHEHE. Várias dúvidas e uma certeza: VAMO QUE VAMO!
Voltamos pra casa até que empolgados e no dia seguinte chegamos às 19h45 à plataforma de embarque. O problema é que, a princípio, o mundo deveria estar querendo viajar pra praia, porque aquela era a maior concentração por metro quadrado de pessoas que eu já tinha visto na vida. Tinha gente de tudo quanto é tipo, idade, gênero e gosto por Crepúsculo espalhados pela rodoviária. Se o inferno na Terra existe, o diabo estaria ali pegando as passagens.
Mas, pra nossa sorte, o ônibus chegou rapidamente. Que alegria! Encostamos na fila pra entrar e o letreiro marcava “Guarujá – 18h”. Pensei, “Hum… este ônibus deve ter saído do Guarujá às 18h e só chegou agora. Deve estar um pouco de trânsito, porque normalmente uma viagem de São Paulo pra lá demora uma hora e não duas. Mas tudo bem. Ainda dá pra chegar a tempo”. Ai! Um dia esses pensamentos vão me matar de tão imbecis que são. Por desencargo de consciência perguntei pra qual horário era o ônibus.
Eu: Moço, esse ônibus é o de qual horário?
Cara da empresa: Das 18h pro Guarujá.
Eu: HE HE HE. Eu sei que ele veio às 18h… mas qual é o horário de embarque dele?
O mesmo FDP: ESSE É PRA QUEM COMPROU PRASSAGEM PRAS 18H. TÁ TUDO ATRASADO.
Eu: O QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEÊ?
Cara, se o das 18h tinha acabado de chegar, o meu, que era das 20h, chegaria, no mínimo às 22h. Puta que o pariu, que situação. Passagens compradas e a porra da empresa não tem ônibus suficientes pra levar as pessoas no horário marcado. O que fazer? Nada, né. Sentar e esperar. Ou ficar tirando fotos da rodoviária lotada pra passar o tempo.




O tempo passava e nada dos ônibus chegarem. Quase meia hora depois, às 20h30, chegou outro ônibus. Poxa, se continuasse nesse ritmo com certeza o meu sairia às 22h e, com muita sorte, chegaria ainda antes da meia noite do dia 31. Mas não… Sou eu, né. O que esperar? Logo veio a voz daquele FDP da empresa: “GUARUJÁÁÁÁ – 18h10”.
Não era possível. Além de estarem atrasados, a porra da empresa vende as passagens de 10 em 10 minutos. Que sofrimento pra um coração triste, palmeirense… Depois de 10 minutos depois chegou outro, o das 18h20. Quanto mais eles chegavam, mais eu tinha a certeza de que iria passar a virada do ano dentro de um ônibus. Quer coisa mais legal que isso? Sem estresse, sem perigo de te acertarem com um rojão no meio da cabeça, sem sujar o pé na areia da praia, sem pular ondinhas e ser engolido por uma tsunami devastadora… olha só quantos pontos positivos.
E, assim, os ônibus foram chegando, até às 23h09 (ONZE E NOVE) aparecer o meu, marcado inicialmente pras 20h (OITO). Só 3 horas e 9 minutos de atraso, mas e daí? Naquele momento, o meu maior sonho nem era chegar na praia a tempo (pfff hahahaha) e sim entrar no ônibus pra poder sentar e descansar.
Ingênuo de viagens que sou, nem reparei que essa Coca-Cola e um outro champanhe que vi passando eram pra comemorar a virada de dentro do ônibus mesmo. O pessoal já vem todo preparado. Nesse quesito tenho que aprender muito com esses feras de viagens cagadas e mal planejadas.

O serviço de bagagem, que está incluso no preço da passagem, deve ter sido caixinha de ano novos pra esses viados, porque além dos próprios passageiros terem colocado as bagagens no compartimento de malas, nenhuma pessoa da empresa deu a etiqueta de controle delas. Era cada um por si e salve-se quem puder.
Nosso ônibus saiu precisamente às 23h29 do dia 31/12/09. Devido a um monte de desocupados que achavam que iriam ver o reveillon na praia, ficamos presos no trânsito como todos eles. Filhos da puta. Abrimos a champanhe do cara da poltrona 71, fiquei amigo da senhora da poltrona 2, comemos o frango da mulher da poltrona 12 e brindamos o novo ano dentro do ônibus mesmo. Com contagem regressiva e tudo. Se já tá tudo cagado, tem que se enturmar. E tudo muito compartilhado, como manda o figurino dos farofeiros.
Foi uma experiência até que interessante e acho que todos deveriam saber como é passar a virada do ano em um ônibus com uma galera que não conhece, porque todo dia é dia de fazer novas amizades, não é mesmo, minha gente? Até chegar ao Guarujá foi tudo tranquilo, mas vou deixar vocês adivinharem qual mala foi extraviada e quem foi a pessoa que teve que passar todos os dias só com a roupa do corpo.
a) Luna
b) o cara da poltrona 71
c) a mulher do frango
d) a senhora
e) EU, CLARO
Teeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeemmmmmmpooooooooooo
Bom ano novo e um ótimo 2010 pra vocês também.

